Conteúdo Saúde: Tem uma idade ideal para que o meu filho comece a falar?
Silvia Costa: O ser humano, já nasce com uma predisposição à linguagem. Entretanto necessita-se de estímulos fornecidos pelo meio, para sua constituição. Dessa forma, a linguagem de uma criança vai ser formada com características peculiares do seu meio social e cultural. Geralmente, a criança começa a emitir os seus primeiros sons de 0 a 6 semanas de vida, sendo esses sons vocálicos e ainda não intencionais. O balbucio começa por volta dos 06 meses. Aos 09 meses, a criança imita os sons que são percebidos auditivamente. Com 12 meses, as crianças começam a dizer as primeiras palavras (como mamá, papá), relacionando-as com um objetivo. Aos 18 meses, são formadas as combinações de duas palavras (como “dá papá”, “qué água”). Aos 30 meses, a linguagem é inteligível, mas ainda faltam as ligações dentro de uma sentença. É formada a chamada “fala telegráfica” (ex: “Eu qué i casa vovó”). Aos 36 meses, essa fala começa a ser complementada com as ligações que antes eram omitidas. E, finalmente, com 48 meses, a criança já deve ser capaz de formular frases corretas, fazer perguntas, usar a negação, falar de acontecimentos no passado e antecipar os fatos que ainda acontecerão.
Conteúdo Saúde: O que eu, como mãe/ pai posso fazer em casa para estimular o meu filho no seu desenvolvimento lingüístico?
Silvia Costa: As brincadeiras possuem um papel fundamental no desenvolvimento da linguagem infantil. Dessa forma, a criança pode transferir um acontecimento do mundo real (situações da sua vida cotidiana) para o mundo simbólico (a brincadeira). Através da imitação da fala e dos gestos, ela inicia a produção da sua fala social e posteriormente, consegue obter os seus turnos de fala, dentro de um dialogo interacional.
É importante que os pais estejam presentes, como participantes ativos nesse processo de transformação.
Em um primeiro momento, as crianças utilizam a fala do adulto como um “suporte” para a construção da sua (espelhamento). Para dar seguimento à construção da linguagem é ideal que o adulto complemente os atos de fala da criança (complementariedade). A criança, então, assume esse comportamento e adquire o vocabulário necessário para que se forme um diálogo (reciprocidade).
A fim de que se construa o chamado “diálogo interacional” com maior naturalidade e eficácia, os momentos de fala da criança devem ser respeitados, sem pressa ou antecipações. Quando a criança não conseguir explicar algo que deseja, tente entendê-la e ajude-a na organização da “fala” sem constrangê-la ou rotulá-la (fato muito frequente em crianças que apresentam disfluências - gagueira). O uso de livros infantis e “cd roms” educativos são altamente atrativos e funcionais na construção da linguagem infantil. Fotos familiares associadas à fala do adulto também criam ricas oportunidades para o aprendizado de novas palavras e obtenção de informações sobre o mundo em que vivem.
SILVIA COSTA É FONOAUDIÓLOGA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRFA: 11415)