A falta de qualidade na audição em qualquer faixa etária pode levar a um comprometimento pedagógico, social e profissional. Procure um profissional especializado para avaliar a qualidade da sua audição, pelo menos uma vez por ano.
TIRE SUAS DÚVIDAS
1. Quais os sinais de alerta para que a mãe possa desconfiar que seu filho tenha alguma deficiência auditiva? A partir de quanto tempo de vida pode-se fazer algum diagnóstico?
Geralmente, é o atraso no desenvolvimento da fala pela criança, que leva a mãe a procurar a ajuda de um especialista e não a preocupação com o fato de seu(a) filho(a) poder não ouvir normalmente. Entretanto, a falta de estimulação acústica nos primeiros anos de vida gera uma lacuna de difícil recuperação, por tratar-se de um período crítico para o desenvolvimento de funções que possibilitarão a aquisição de linguagem em tempo certo. Hoje em dia, em nossa realidade já é possível diagnosticar a deficiência auditiva em bebês recém-nascidos, observando desde as respostas reflexas que estes apresentam a estímulos sonoros intensos e submetendo-os a avaliações objetivas através de métodos como as Emissões Oto acústicas Evocadas e a Audiometria de Tronco Cerebral, ambos seguros e de rápida aplicação. Para tanto, é fundamental que a mãe levante a suspeita observando se o bebê acorda com barulhos, olha quando é chamado, escuta a campainha da casa e do telefone, assusta-se com portas que batem. No caso de crianças maiores, observar se falam em voz muito alta ou muito baixa, se são desatentas ou hiperativas, pois estes sinais de alerta que podem indicar a presença de vários graus de perdas auditivas.
2. Quando se trata de um bebê, é possível a mãe perceber essa deficiência pelo seu comportamento?
Ao nascer, o bebê apresenta apenas audição do tipo reflexa manifestada através de reações motoras como piscar de olhos, movimentos generalizados de todo o corpo em resposta a estímulos sonoros intensos. Os sons que têm maior significado para o bebê, como, por exemplo, a voz da mãe, os sons referentes à alimentação, enfim, os mais freqüentemente ouvidos por ele são os mais facilmente aprendidos. Com duas semanas de vida, a criança adquire uma atitude auditiva ao som da voz humana e, com quatro semanas, ela é acalmada pelo som, modificando sua atividade ao ouvi-lo. Por volta dos quatro meses, os sons fazem com que ela volte a cabeça, deliberadamente, na sua direção, mesmo que não sejam tão intensos, iniciando a fase de localização da fonte sonora. Uma das respostas auditivas mais seguras e concretas que um bebê pode apresentar a um estímulo sonoro é o acordar com barulhos intensos, quando recém nascido e menos intensos, à medida que se desenvolve.
3. Existem distúrbios auditivos que, quanto mais cedo forem diagnosticados, mais fácil será a obtenção de um tratamento adequado, ou da criança se adaptar aos aparelhos auditivos?
A estreita relação entre audição e desenvolvimento de linguagem torna o diagnóstico precoce da deficiência auditiva extremamente importante. A aquisição da linguagem é uma função relacionada ao tempo, e está relacionada a períodos de maturação precoce, que são denominados períodos críticos, para a aquisição e desenvolvimento da linguagem falada. Entre o nascimento e os 36 meses de idade, o milagre da comunicação humana desenvolve-se a uma incrível velocidade. Portanto, para todos os distúrbios auditivos, mas principalmente, para as perdas auditivas severas a profundas, quanto mais cedo forem diagnosticadas, maiores serão as chances de habilitar o seu portador, através da seleção, indicação e adaptação adequadas de aparelhos de amplificação sonora e do emprego de métodos de treinamento apropriados, que permitam o desenvolvimento pleno de suas capacidades de comunicação.
4. Existem crianças consideradas do grupo de risco, por alguma condição hereditária ou doença que a mãe pode ter tido durante a gestação?
Seria ideal que todos os bebês recém-nascidos pudessem ter sua audição testada antes de deixarem o berçário com teste de Oto emissões ou teste da orelhinha.
A incidência da surdez em bebês é maior que outras doenças que já são avaliadas nas maternidades. As estatísticas indicam que em cada 1.000 recém-nascidos, 3 apresentam algum tipo de perda auditiva (JCIH-94).
Diante disso, devem ser avaliadas as crianças que apresentam maior possibilidade de ter a deficiência auditiva, ou seja, aquelas que se enquadram na chamada categoria de alto-risco. No Brasil temos usado os critérios de alto risco elaborados pelo Joint Commitee on Infant Hearing, em 2000, que incluem: história familiar de deficiência auditiva; infecção congênita por toxoplasmose, sífilis, rubéola, citomegalovírus e herpes; deformidades craniofaciais; peso ao nascer inferior a 1500 gramas; elevada taxa de bilirrubina no sangue; medicações Oto tóxicas; meningite bacteriana; falta de oxigênio no nascimento e pequeno para a idade gestacional.
5. Crianças com problemas auditivos podem freqüentar escolas normais, ter vida social, enfim, viver de uma forma relativamente normal?
Existem controvérsias em relação à integração do deficiente auditivo na escola regular, tendo em vista a severidade da perda auditiva e a época em que o diagnóstico foi realizado. Uma criança que apresente perda auditiva leve ou moderada poderá ingressar na escola regular, sem necessitar de educação especial, ao passo que aquela que apresente perda auditiva severa ou profunda necessitará de escola especial até adquirir a linguagem verbal para só então integrar-se, na escola regular. Para as crianças, cujo diagnóstico tenha sido efetuado no máximo até os dois anos de idade, é aconselhável a colocação em escola regular, independentemente do grau de perda auditiva, pois oferece a oportunidade de aquisição de linguagem, segundo os padrões da criança ouvinte. É imprescindível, contudo, que esta criança esteja usando o aparelho auditivo e que freqüente, regularmente, as sessões de terapia fonoaudiológica em situação de clínica.
6. Deficiências auditivas levam a graves conseqüências na aquisição da fala e da linguagem?
A audição desempenha um papel preponderante e decisivo no desenvolvimento e na manutenção da comunicação através da linguagem falada, além de funcionar como um mecanismo de defesa e alerta contra o perigo que funciona 24 horas por dia, pois nossos ouvidos não descansam nem quando adormecemos. A perda auditiva é uma deficiência, uma incapacidade e uma desvantagem oculta, especialmente na criança pequena que não pode dizer que não está ouvindo bem, pois se não detectada e tratada em tempo hábil, pode levar a um retardo sério no desenvolvimento de fala e linguagem, além de gerar problemas sociais, emocionais, educacionais e de saúde.
7.Quando a mãe deve "correr" para o médico?
Problemas de audição são problemas de saúde e, portanto, o médico é o primeiro profissional a ser consultado, a fim de que possa determinar o tratamento adequado. Nos casos de acidentes como a entrada de objetos ou corpos estranhos (grampos, hastes flexíveis, palitos, insetos, grãos) que podem perfurar a membrana timpânica e levar a processos inflamatórios e dolorosos, além do comprometimento da audição ou quando a criança se queixar de dor de ouvido com ou sem secreção ou febre alta, a mãe deve "correr" para o médico, preferencialmente, o otorrinolaringologista.
8. Que problemas ocorridos durante a gravidez devem deixar a mãe em estado de alerta?
A rubéola materna é uma das principais causas de deficiência auditiva em nosso meio, independentemente do trimestre de gravidez. Outros fatores tais como incompatibilidade de fator Rh, distúrbios metabólicos, radiação, prematuridade, trauma de parto e falta de oxigênio ao nascer podem, também, ser agentes causadores de deficiência auditiva associada a alterações de desenvolvimento e a distúrbios neurológicos. Portanto, o acompanhamento médico através de um bom pré-natal e orientações adequadas, tais como: não tomar remédios sem prescrição, evitar radiografias, tomar cuidado com tombos e quedas na gravidez, é fundamental.
9. Que distúrbios inflamatórios ou bacterianos ocorridos na infância podem comprometer a audição da criança pequena?
Doenças inflamatórias virais ou bacterianas, que ocorrem após o nascimento, tais como: o sarampo, a caxumba e a meningite são, em geral, as causas da deficiência auditiva profunda, que atinge as crianças pequenas.