Apesar de não haver comprovação da ligação de distúrbios, como Mal de Alzheimer e o Mal de Parkinson com o boxe, especialistas alertam que golpes na cabeça podem servir como potencializadores dos distúrbios.
O ex-boxeador brasileiro Adilson Rodrigues, o Maguila, foi diagnosticado com Alzheimer. Já o norte-americano Muhammad Ali, outra referência do esporte que já se despediu dos ringues, sofre de Parkinson. Ainda que diferentes as enfermidades, as duas tem origem neurológica e, por isso, a associação de que os distúrbios sejam consequências de anos de pancadas na cabeça. No boxe, como nas artes marciais mistas, o MMA, uma das formas mais rápidas e certeiras de definir um duelo é acertando o rosto ou o queixo do oponente, "simples assim”, causando um impacto no cérebro. Quem é atingido perde o equilíbrio e, não raro, os lutadores encerram a luta desmaiados.
Estas pancadas repetitivas podem resultar em pequenas lesões axonais no cérebro que, dependendo da intensidade, podem provocar alterações de raciocínio e complicações neurológicas. Uma disfunção em uma ou outra parte do corpo depende da região que for lesionada no cérebro.
Os golpes levam, inclusive, a lesões importantes na região entre a base do crânio e a coluna cervical, causando paralisia dos membros, além dos riscos neurológicos e os mais comuns, que são os riscos por contato, como chutes, socos, estrangulamento, que causam luxações, rompimentos de ligamentos e fraturas, inclusive fraturas de mão e pés de quem está batendo.
Vale ressaltar que quem tem má formação vascular, como aneurisma e fístulas arteriovenosas, tem maior risco de complicações neurológicas. Existem também algumas lesões pré-existentes assintomáticas, portanto, antes de iniciar um treino de MMA é fundamental fazer um exame médico para conhecer as condições cardiorrespiratórias e do aparelho locomotor.
PATRÍCIA MOTTA MARQUES É FISIOTERAPEUTA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CREFITO: 3/58384-F)