A Anorexia Nervosa é um transtorno alimentar caracterizado por uma limitação auto-imposta da ingestão de alimentos, devido à obsessão pela magreza e o medo mórbido de ganhar peso. Tais comportamentos se derivam de um fator importante: a distorção da imagem corporal, que é a característica psicopatológica comum a todos os transtornos alimentares.
Em função desta distorção, uma pessoa com anorexia nervosa se percebe como tendo um corpo “gordo”, “com barriga”, “com nádegas e coxas enormes”, por exemplo. Costuma apresentar “inquietações” com a forma do corpo e se sente obesa apesar de estar muito magra. Tal distorção na auto-imagem associada ao medo de engordar deflagra e sustenta o mecanismo de restrição alimentar e o uso de “estratégias de emagrecimentos” (exercícios extenuantes, jejuns, uso de purgativos e diuréticos) que podem levar a estados extremos de caquexia e até a morte.
A Anorexia Nervosa ocorre com maior prevalência em mulheres e a maioria dos casos, se inicia na puberdade. Apresenta alta taxa de mortalidade em função de complicações cardiovasculares, hidreletrolíticas, endocrinológicas e metabólicas, além de altos índices de suicídio.
O aumento dos casos de transtornos alimentares nas sociedades ocidentais modernas não pode ser destacado da crescente epidemia mundial de Obesidade. Na verdade, estes dois aspectos formam um único fenômeno, onde a Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa emergem como formas reativas à Obesidade.
Os valores culturais cada vez mais se impregnam de identificações entre a aparência e o valor do sujeito. Porém, não se deve apenas atribuir ao fator sócio-cultural a responsabilidade pelos números crescentes de transtornos alimentares. Na origem de cada um dos casos está o vínculo afetivo, a relação com o outro, a constituição da auto-imagem, a história individual e familiar do sujeito. Associam-se hábitos dietéticos, predisposições genéticas, disfunções metabólicas, etc.
O tratamento de qualquer transtorno alimentar consiste em várias frentes: acompanhamento médico, psicológico, nutricional, mudança de hábitos de vida. A forma de tratar se modula de acordo com a singularidade de cada caso. Portanto, a reorganização do padrão presente em um transtorno alimentar deve sempre pode passar por uma dupla relação: 1) Com o outro: o terapeuta (médico, psicólogo, nutricionista, etc), a comida, a família; e 2) Consigo mesmo: com o próprio corpo, com as sensações (fome, angústia, desconforto, saciedade, etc.) e com os limites.
BÁRBARA COSTA É PSICÓLOGA DA XINDAO CONSULTORIA EM SAÚDE E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRP: 05/27684)