Bursite é a principal causa de dor no ombro
Publicado por: Marcelo Campos em 28/1/2013
Categoria: Ortopedia
Dr. Marcelo Campos: Anatomia: As bursas se formam nas faces de deslizamento entre tendões e ossos. Tem as mesmas características e função dos tecidos sinoviais permitindo deslizamento e diminuindo o atrito entre as estruturas. Se forem ressecadas cirurgicamente, se regeneram através de células pluripotenciais.

A bursa subacromial(Bursa do Ombro) se localiza abaixo do acrômio(osso da parte superior do ombro) e das porções anterior e lateral do deltóide. Funciona como superfície de deslizamento entre o manguito rotador(tendões do ombro), a grande tuberosidade e o acrômio e deltóide. Normalmente é um espaço virtual e não tem fluido no seu interior.

A bursa subacromial é frequentemente tida pelos ortopedistas como sendo a principal causa de dor no ombro. Todos conhecemos o termo “Bursite de ombro” que até bem pouco tempo era usado de forma errônea, como diagnóstico do ombro doloroso.

Nas operações para tratamento das lesões dos tendões do ombro-manguito encontramos uma bursa “doente”, aderida ao manguito rotador que pode estar inflamada ou inchada.

Investigações histológicas da bursa foram realizadas por Sarkar e Uhthoff e mostraram que não havia alterações inflamatórias verdadeiras na bursa subacromial de pacientes com síndrome do impacto.

Em um trabalho publicado no J.S.E.S, “ Bursal reactions ” in rotator cuff tearing , ... , os autores estudaram as alterações histológicas na bursa subacromial desses pacientes e demonstraram que aderências e espessamentos estão presentes nos locais onde havia lesão tendinosa e que em locais distantes da lesão, a bursa tinha aparência e histologia normais. Os autores recomendam então, o termo reação bursal localizada, que seria melhor explicado do que bursite de ombro.

Então, o conceito correto é que a bursa subacromial sofre alterações degenerativas e proliferativas que podem levar a um espessamento desta fazendo que haja aumento do atrito na articulação do ombro quando o braço é elevado. Contudo está claro que as alterações da bursa são, em sua maioria, secundárias a um processo dinâmico de disfunção dos tendões do ombro.
A síndrome do impacto se caracteriza por uma condição dolorosa resultante do impacto do manguito rotador embaixo do arco coraco-acromial. O diagnóstico é feito através da história e exame físico e os exames complementes pouco contribuem.

É fundamental o entendimento dos eventos mecânicos nas condições dolorosas do ombro, a fim de que um tratamento voltado para o problema mecânico seja instituído adequadamente. Essa afirmação é fácil de ser entendida quando observamos as causas da síndrome do impacto: degeneração intrínseca dos tendões(envelhecimento).


Percebemos então que o problema é basicamente mecânico e devemos tratá-lo como tal, através de programas de reabilitação que incluem alongamento, reforço muscular, própriocepção e meios físicos para diminuir a dor do paciente (ex.: gelo), assim como analgésicos.

Concluímos que os pacientes com ombro doloroso não devem ser rotulados, como sendo portadores de “Bursite de Ombro”, pois esta denominação não caracteriza de forma adequada as possíveis causas de dor no ombro e tão pouco nos guia para um tratamento adequado voltado para a causa do problema.

MARCELO CAMPOS É ORTOPEDISTA E COLUNISTA CONVIDADO.
(CRM: 5252315-6)


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