Comportamento das crianças que tem pais separados
Publicado por: Adriana e Sandro Quintana em 29/8/2012
Categoria: Psicologia
Adriana Quintana: A frequência de uniões rompidas aumenta a cada ano. Assim como crescem os pedidos de separação desenvolve-se também o número de motivos pelos quais os casais não querem mais conviver juntos. Enquanto, em épocas pretéritas, os novos casamentos aconteciam com mais frequência, após a viuvez, hoje se manifestam mais através do divórcio. Após a separação dos pais, as crianças passam por um período de luto, onde entram em contato com sentimentos profundos como: medo, ansiedade e tristeza. Para as crianças há uma esperança de que a relação mais íntima pode ter futuro e que possa ser “liberada” para seguir seu desenvolvimento normal, sem ter que de alguma forma inverter os papéis de “cuidadora” dos pais. Um dos grandes mitos que temos é que o divórcio automaticamente resgata filhos de um casamento infeliz. Na verdade, essa é uma forma dos pais pensarem e se livrarem da “culpa” que carregam por magoar seus filhos. É certo que existem inúmeras pesquisas que o divórcio afasta as crianças de grandes violências e crueldade. Porém, nestas mesmas pesquisas, as crianças afirmam que não se sentem mais felizes depois do divórcio conturbado e cheio de brigas. Pelo contrário. Muitas até confirmam o fim da infância, pois o relacionamento entre pais e filhos, às vezes, muda após a separação. O que os filhos e pais precisam e nem sempre conseguem é apenas a separação conjugal e não a separação parental. Desta forma, dependerá de cada família, de cada pai ou mãe, a forma de como lidar será essa separação, ficando claro que quanto mais bem resolvido os adultos envolvidos estiverem, melhor será o sentimento das crianças. Entretanto, o que vemos no consultório, são pais colocando holofotes na sua dor e os sentimentos das crianças nos bastidores para que o espetáculo continue. Um casamento deficiente pode não trazer grandes conflitos na criança, pois quando ainda juntos fazem esforços suficientes para não brigar abertamente, um com o outro, o que após a separação fica mais declarado, gerando tensão nas crianças, sendo usadas muitas vezes como moeda de troca. Para as crianças, o divórcio torna-se um divisor de águas que altera sua vida permanentemente, o mundo torna-se menos confiável. Mais do que qualquer outra coisa, essa nova ansiedade pode representar o fim da infância. Sendo assim, torna-se especialmente importante o espaço terapêutico individual e/ou familiar que poderá ajudar na elaboração de questões emocionais que aparecem após o divórcio, tendo o enfoque o sentimento das pessoas envolvidas, o conhecimento de si própria, o desenvolvimento de melhores ajustamentos criativos e assim perceber que é possível amar e ser amada.
ADRIANA QUINTANA É PSICÓLOGA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRP: 05/22792)


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