Não basta exame de sangue! Chegou a hora do exame com o urologista. Quantas vezes não escutamos o paciente interpelando com estas perguntas: “Mas não basta o exame de sangue? Tem que fazer o toque?”.
Ainda hoje, à luz dos conhecimentos científicos vigentes, temos de esclarecer que o exame de sangue (PSA) é um exame complementar ao exame físico (toque) e que de maneira alguma o substitui.
Inúmeros estudos em andamento estão tentando determinar linhas de corte, com o intuito de abolir o toque retal considerando idade do paciente, valores do PSA (de modo absoluto ou correlações como velocidade de progressão, densidade de PSA) e mesmo outros fatores de risco (raça, presença de história positiva de câncer de próstata na família...). Nos dias atuais, a recomendação da Academia Americana de Urologia e da Sociedade Brasileira de Urologia é ainda a associação toque + PSA.
O exame de toque pode ser substituído por outros métodos complementares, como a realização de ultrassonografia transretal da próstata (com ou sem biópsia), ou da ressonância magnética com bobina intra-retal. A melhora da fidelidade do diagnóstico com estes métodos (que é inquestionável), no entanto, não suplanta o custo de sua realização. E não apenas o custo financeiro: a ressonância com bobina intra-retal dura cerca de 30 minutos, o ultrassom transretal aproximadamente 10 minutos, ao passo que o exame de toque raramente ultrapassa 30 segundos!
Continua válida uma metáfora criada por um emérito urologista/professor catedrático, que em função de seu enorme conhecimento, declarava: “Somente o exame de toque retal pelo urologista, com seu dactus eruditus, pode permitir o acurado diagnóstico...”. Já se passaram quase trinta anos de aplicação clínica do PSA e esta máxima ainda continua apropriada. Vamos ver se resiste por outros trinta anos.
ANDRÉ D´ANNUNCIAÇÃO É UROLOGISTA E COLUNISTA CONVIDADO.
(CRN: 5253014-0)