O exercício físico vem sendo apontado como importante intervenção não farmacológica para a prevenção e tratamento das Demências. Além de contribuir para a melhora da função cognitiva, o treinamento pode estar associado a alterações físicas que o medicamento não é capaz de promover, como melhora da força, do condicionamento aeróbico e da autonomia, contribuindo para a independência nas atividades de vida diária. Além disso, a prática de exercício físico pode estar associada à prevenção do declínio cognitivo em idosos, o que pode contribui para a prevenção da Doença de Alzheimer (DA), Demência mais prevalente no mundo. Lautenschlageret al (2008) verificaram que idosos com queixa de declínio cognitivo que realizaram 50 minutos de caminhada três vezes por semana obtiveram melhor resposta cognitiva que idosos sedentários. Este estudo aponta para uma proposta promissora de prevenção da D.A, já que o declínio cognitivo é considerado um fator de risco para o aparecimento da doença. O treinamento aeróbico poderia estar associado a alterações neurobiológicas (aumento de produção de neurotransmissores, hormônios, fatores neurotróficos) que estariam associados ao aumento de neurogênese, sinaptogênese e angiogênese, e consequentemente, a melhora da saúde mental. Num estudo publicado em nosso laboratório, verificamos que idosos com DA que realizavam atividade física possuíam a capacidade funcional e cognitiva semelhante à de idosos com DA sedentários 10 anos mais jovens (ARCOVERDE et al, 2008).
Apesar das evidências do efeito do exercício na cognição e no humor de idosos, poucos foram os estudos que utilizaram o exercício físico no tratamento da DA. Num dos primeiros trabalhos realizados nesta área, Palleschiet al. (1996) verificaram que o treinamento aeróbio (cicloergômetro) na intensidade de 70% FCmáx,três vezes por semana, durante três meses, poderia contribuir para a melhora da resposta cognitiva em pacientes com DA. De um modo geral, os estudos verificaram um efeito positivo do exercício físico, como aumento da independência nas AVDs, melhora da capacidade funcional, redução nos sintomas de depressão, manutenção da função cognitiva e melhora da qualidade de vida. A melhora de força, flexibilidade, equilíbrio, marcha e condicionamento cardiovascular está associado à maior independência do paciente com DA. Estas alterações são observadas após um período de treinamento, e podem contribuir imensamente com a qualidade de vida e a sobrecarga do cuidador.
A qualidade de vida do cuidador está diretamente associada a do paciente, o que de forma indireta, proporcionará uma melhor resposta ao tratamento. A intensidade, duração e frequência do exercício devem obedecer aos princípios básicos de treinamento como sobrecarga progressiva, periodização, individualidade e especificidade.
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