“Para vencer seus medos, a família pode ajudar a criança procurando reforçar o vínculo de confiança, mantendo sempre uma comunicação aberta e honesta, conversando com ela sempre que necessário, buscando ouví-la, tirando suas dúvidas e desfazendo mitos e fantasias que ela possa ter sobre sua doença, estimulando-a a ter uma participação ativa em sua vida, seu tratamento e na tomada de decisões”
Juliana Mattos: Apesar de hoje o câncer infantil ser considerado uma doença potencialmente curável, a descoberta do diagnóstico de câncer em uma criança pode deflagrar na família uma profunda crise emocional, comprometer o equilíbrio da vida familiar e afetar os relacionamentos entre os pais e irmãos. Desta forma, os crescentes resultados positivos nos tratamentos e seus avanços têm apontado cada vez mais para a necessidade de uma abordagem interdisciplinar na assistência, dando ênfase ao apoio psicossocial ao paciente e a sua família para melhorar sua qualidade de vida. Quando a família pode contar com a assistência de uma boa equipe de profissionais, incluindo médicos, equipe de enfermagem, psicólogo, assistente social, dentre outros, além de uma boa rede de suporte social, poderá mobilizar seus próprios recursos e habilidades de enfrentamento, receber apoio para melhor aceitar e compreender a doença desde seu diagnóstico e, assim, ter melhores condições de ajudar a criança diante do impacto ocasionado pelo adoecimento e tratamento de longa duração. A família é à base de suporte da criança e a forma como ela reagirá a todo seu processo de adoecimento, tratamento intenso e frequentes hospitalizações será um reflexo da forma como a família vai se ajustar à doença. Portanto, a família tem um papel fundamental em ajudar na compreensão da doença por parte da criança e suas reações e a enconrajá-la a aceitar o tratamento, assegurando-a de que não será abandonada e terá apoio em todas as etapas, procurando desenvolver atitudes de esperança e otimismo, mesmo diante das severas dificuldades inerentes ao tratamento e mesmo diante de prognósticos reservados. Para vencer seus medos, a família pode ajudar a criança procurando reforçar o vínculo de confiança, mantendo sempre uma comunicação aberta e honesta, conversando com ela sempre que necessário, buscando ouví-la, tirando suas dúvidas e desfazendo mitos e fantasias que ela possa ter sobre sua doença, estimulando-a a ter uma participação ativa em sua vida, seu tratamento e na tomada de decisões. É importante que a família esteja atenta e procure atender, na medida do possível, às suas necessidades integrais (físicas, emocionais, afetivas, sociais e espirituais) e saiba reconhecer e legitimar seus sentimentos, ajudando-a a expressá-los, acolhendo-a com carinho e respeitando seus limites.E quando a cura não for possível, todos esses cuidados devem ser intensificados e a maior ajuda que a família pode oferecer é acompanhá-la até o fim e assegurar que ela não ficará sozinha, que ela será sempre lembrada e que sua existência teve um sentido especial para ela e para sua família.