Como a nutrição pode auxiliar no tratamento de pessoas com problemas renais?
Publicado por: Juliana Giglio em 4/1/2011
Categoria: Nutrição
“Hoje, a intervenção dietética não apenas visa ao controle dos sintomas urêmicos e dos distúrbios hidroeletrolíticos, mas também atua em doenças correlatas como o hiperparatireoidismo secundário, a desnutrição energético-protéica e nas várias alterações metabólicas que esses pacientes apresentam”
 
Juliana Barreto: A importância da terapia nutricional no tratamento de pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) é reconhecida há varias décadas. Entretanto, só mais recentemente o papel do acompanhamento nutricional para esses pacientes adquiriu uma conotação mais ampla. Hoje, a intervenção dietética não apenas visa ao controle dos sintomas urêmicos e dos distúrbios hidroeletrolíticos, mas também atua em doenças correlatas como o hiperparatireoidismo secundário, a desnutrição energético-protéica e nas várias alterações metabólicas que esses pacientes apresentam. Além disso, os procedimentos dialíticos determinam condições que exigem orientações dietéticas especificas para manter ou melhorar a condição nutricional dos pacientes. Alguns fatores como a hiperlipidemia, a retenção de fosfato, a acidose e as próprias toxinas urêmicas parecem estar associados à progressão da lesão renal. Dessa forma, propostas terapêuticas que visam atenuar essas alterações, como o controle da hipertensão arterial, da proteinúria (perda de proteína na urina), da hiperlipidemia (aumento do colesterol, triglicerídeos), da hiperfosfatemia (aumento de fósforo no sangue) e da acidose metabólica têm sido empregadas na tentativa de evitar ou retardar a progressão da insuficiência renal crônica para estágios finais. Dentre as manipulações dietéticas mais empregadas nos pacientes em tratamento conservador (fase não-dialítica) estão o controle da ingestão de proteína e de sódio (sal). Estudos clínicos têm evidenciado o benefício da restrição de proteína, seja sobre o ritmo da progressão seja sobre a sintomatologia urêmica. Essa manipulação dietética reduz o risco de morte e prolonga o tempo para a entrada em diálise quando comparada à dieta não-restrita em proteína. Importante destacar que essa orientação dietética deve ser adequadamente balanceada e monitorada por profissional capacitado, garantindo oferta de energia adequada, a fim de evitar o quadro de desnutrição energético-protéica no paciente. No que se referem aos benefícios do controle da ingestão de sódio, estes se traduzem em um melhor controle da pressão arterial e na diminuição da retenção hídrica, já que a hipertensão arterial é uma das principais causas da IRC e constitui um fator de perda de função renal e de progressão da doença.
Referencias: Cuppari L, Avesani CM, Mendoca COG, Martini L, Monte JCM. Doenças renais. In: Cuppari L, Schor N. Guias de medicina ambulatorial e Hospitalar. Unifesp. Nutrição Clínica no Adulto. 2. ed. São Paulo: Manole; 2005. p.189-220. He FJ, Marciniak M, Visagie E, Markandu ND, Anand V, Dalton RN, et al. Effect of modest salt reduction on blood pressure, urinary albumin, and pulse wave velocity in White, Black, and Asian mild hypertensives. Hypertension 2009; 54: 482–488.


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