Angústia no mundo contemporâneo
Publicado por: Ricardo Nascimento em 25/1/2011
Categoria: Psicologia
“Uma ótima forma de combater a tristeza e o desânimo, efeitos negativos trazidos pela angústia, é mudar a forma de pensar, buscando ter noção de seus limites físicos e emocionais”

 
Ricardo Nascimento: É comum ouvirmos das pessoas que estão ao nosso redor que o tempo está correndo mais rápido, que o dia não é suficiente para o cumprimento de tudo o que se planejou, sempre fica a sensação de que algo ficou faltando. Será que o planeta realmente pisou no acelerador ou somos nós que estamos assumindo cada vez mais compromissos e tarefas? Que tipo de sentimento isto nos causa? E afinal, por que somos levados a fazer isso? É fato que a vida cotidiana nos grandes centros urbanos é estressante. Engarrafamentos, transportes coletivos lotados, a desorganização, a poluição e a sujeira da cidade, a sombra da violência que nos aflige, todos esses, entre outros fatores são causadores de estresse. Todavia, as pessoas urbanas já estão acostumadas a tais fatores e acabam não identificando-os como fonte de estresse. Surge então a angústia. A angústia pode ser definida como uma inquietação psicológica, onde há certo receio sem que se saiba de quê, sem objeto aparente e que geralmente vem acompanhada de manifestações físicas, tais como “nó na garganta” ou um “aperto no peito”. Obviamente existem outros fatores além dos urbanos que são causadores de angústia: sentimentos de inadequação, de não se encaixar no mundo, solidão em meio à multidão, a incerteza do futuro, podem ser infinitas e extremamente individuais as causas da angústia em cada ser humano. Somos pressionados pela sociedade a exercer determinados papéis: somos filhos, pais, irmãos, maridos ou esposas, mas para além desses papéis mais comuns de nossas intimidades, somos também pressionados a ocupar determinado local na cadeia de produção de nosso sistema econômico. É preciso trabalhar para sobreviver. E em nosso mundo globalizado, altamente competitivo, é necessário cada vez mais esforço para não perder o seu lugar, quando há tantos fora do mercado ansiosos esperando por esta chance. O desemprego é angustiante para quem está desempregado, mas também o é para quem não está. A ansiedade está de certa forma ligada à angústia. No entanto, aquela caracteriza-se por se relacionar com aspectos subjetivos mais externos, mais evidentes, a não ser quando se trata de um patologia. Embora a ansiedade também possa não ter origem externa evidente, em geral são os fatores externos que dão origem à sensação de ansiedade. A ansiedade é uma reação comum em nosso organismo; desde tempos remotos ela é ferramenta para preparar o ser humano para a iminência do perigo. A angústia, diferentemente, não está necessariamente ligada ao perigo, mas em geral, às incertezas e à noção de impotência ou finitude. Uma ótima forma de combater a tristeza e o desânimo, efeitos negativos trazidos pela angústia, é mudar a forma de pensar, buscando ter noção de seus limites físicos e emocionais. Da mesma maneira, estar com a família e os amigos, promover bons momentos, os compartilhando com quem se gosta, além de cuidar de si mesmo, de sua saúde é uma boa maneira de superar ou pelo menos enfrentar e minimizar a angústia. Cada um de nós é responsável por sua postura diante da vida e pela forma como encaramos nossas adversidades. Por isso, transforme sua mente em sua principal ferramenta para ser feliz.


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