A reabilitação neuropsicológica (RN) é uma área da neuropsicológia que vem se consolidando nas ultimas décadas e tem como pressupostos primordiais a estimulação das habilidades cognitivas e a reintegração social e profissional do paciente. As técnicas de intervenção são direcionadas às necessidades específicas de cada caso, mas de modo geral fundamentam-se em estratégias de restauração, compensação e adaptação funcional sempre em permanente parceria com a família.
A RN é indicada para o tratamento de alterações cognitivo comportamental associado a patologias neurológicas ou que causem distúrbios neurológicos, decorrentes tanto de lesões cerebrais (traumatismo crânioencefálico-TCE, acidente vascular encefálico - AVE, tumores, anóxia); quanto de síndromes neurodegenerativas (Demências); entre outras causas. Vale ressaltar que apesar da extensa possibilidade de indicações as expectativas de ganhos devem ser adequadas com o respectivo diagnóstico, pois o tratamento possui limitações, além de ser influenciado por aspectos neuropatológicos, conduta medicamentosa, características pessoais, educacionais e familiares.
Os relatos de RN com maiores avanços e melhores expectativas encontrados na literatura estão relacionados ao tratamento em lesões cerebrais, que em paralelo as estimulações cognitivas priorizam as dificuldades de autopercepção, a inserção de novos aprendizados e principalmente atividades ocupacionais na tentativa de promover uma maior adaptação as perdas ou a retomada parcial das atividades anteriores.
Quanto às síndromes demenciais a RN tem apresentado resultados mais discretos, mas que podem fazer diferença no retardo da progressão da doença em pacientes em fases iniciais, através de estratégias que buscam uma melhora e/ou estabilização temporária da cognição, associadas a técnicas de manejo de possíveis co-morbidades, bem como no tratamento de alterações do comportamento e humor, e no apoio aos familiares.
Sendo assim a RN pode ser apresentada como uma forma de tratamento que não tem como prioridade a cura, mas sim a reintegração bio-psico-social e conseqüente melhoria da qualidade de vida do paciente e de seus familiares.