Podemos considerar o trauma pós-parto um causador de estresse? Como evitar?
Sim. O parto causa sofrimento físico e emocional e conseqüentemente o estresse. A gravidez é um período muito importante na vida das mulheres e, particularmente, naquelas que passaram por algum tipo de abuso, estas estão mais propensas a desenvolverem comportamentos dissociativos, instabilidade emocional, transtornos alimentares além de depressão e transtorno de ansiedade generalizada. Mulheres que tiveram complicações durante o parto freqüentemente relatam que têm pesadelos e lembranças recorrentes deixando-as confusas, ansiosas e até mesmo com sentimentos como o de raiva. Em casos mais graves, a imagem de um bebê pode ser aterrorizadora, lembrando uma existência de mais perdas do que ganhos.
Existe uma infinidade de situações que podem levar a esse tipo de estresse. Por exemplo, num contexto familiar onde a mãe e pessoas próximas, conscientes ou não, falam às filhas sobre o medo da gravidez e do parto, enfatizando o sofrimento, situações difíceis e tumultuadas. Esse discurso vai sendo incorporado pelas meninas que desenvolverão modelos que ficarão em sua mente durante o seu desenvolvimento. O clássico circuito tensão-medo-dor é constantemente lembrado, gerando desconforto e muita angustia.
Apesar dos avanços nos tratamentos médicos, o trabalho de parto e o próprio parto são experiências traumáticas e estressantes que podem levar ao trauma pós-parto ou estresse pós-traumático mesmo com a facilitação dos nascimentos e o alívio das dores.
Estudos recentes mostram uma correlação entre o estresse e a desregulação do nosso mecanismo biológico, ou seja, uma exposição a algum evento estressante provoca no organismo uma reação que inclui liberação de hormônios que visam preparar o nosso organismo para combater os malefícios provocados pelo estresse.
Uma das formas de evitar o estresse pós-parto é, durante a gravidez, ter um ambiente caseiro e acolhedor (holding) a fim de criar uma atmosfera relaxante e tranqüila tanto para gestante quanto para o futuro bebê. O respeito às tradições, costumes e crendices populares também devem ser observados, pois de outra forma poderão atrapalhar a assistência durante e após a gestação. A metodologia do acolhimento deve levar em consideração a linguagem e a realidade da pessoa que está sendo atendida.
Em casos mais complicados, um acompanhamento psicoterápico a nível individual, de casal ou mesmo familiar poderá ajudar na diminuição da ansiedade, do medo e da culpa de algo não sair como o desejado além de vislumbrar que o tratamento desenvolva uma atitude psicológica no sentido de adquirir confiança e afastar da mente qualquer circunstância que possa gerar conflitos e dificuldades.
Ações de prevenção de saúde com líderes de grupos comunitários certamente poderão ajudar com a transmissão de informações de fácil entendimento por parte da população assistida, a fim de evitar gravidez de adolescentes, gestações não desejadas e todas as complicações sociais e familiares decorrentes.
É fato que uma mulher livre de ressentimentos, hostilidade e identificada com sua feminilidade, de bem com a vida, apresentará uma gravidez tranqüila e livre de problemas acidentais.
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Comentários
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Os velhos medos de criança vem à tona: "O homem do saco vai te levar"; "vou chamar a polícia se vc continuar, heim..."; "Parir um filho é terrível, e ainda destrói o corpo da mulher". É claro, dentro de um ambiente saudável e equilibrado, esses velhos medos deveriam ser naturalmente substituídos pelo amor maternal e incondicional de uma mãe por sua cria. Curioso também é o fato de ser algo que acontece independente de classe social, nível de escolaridade... Muitas das vezes que ouvi falar em depressão pós parto aconteceu com mulheres esclarecidas.
Os velhos medos de criança vem à tona: "O homem do saco vai te levar"; "vou chamar a polícia se vc continuar, heim..."; "Parir um filho é terrível, e ainda destrói o corpo da mulher". É claro, dentro de um ambiente saudável e equilibrado, esses velhos medos deveriam ser naturalmente substituídos pelo amor maternal e incondicional de uma mãe por sua cria. Curioso também é o fato de ser algo que acontece independente de classe social, nível de escolaridade... Muitas das vezes que ouvi falar em depressão pós parto aconteceu com mulheres esclarecidas.