A depressão é uma doença muito comum nos idosos e suas causas são variadas, onde atuam fatores genéticos, eventos vitais, como luto e abandono, e doenças incapacitantes, entre outros.
Mas, a velhice é um período de muitas transformações, sejam de ordem física, como as limitações musculares, ósseas e as doenças que atingem com maior facilidade os idosos; Trazendo também mudanças sociais como a aposentadoria, o distanciamento dos filhos, que casam ou saem de casa por outros motivos; Assim como existem as mudanças culturais, as cobranças e os efeitos do que é adequado e não é adequado para um idoso fazer, vestir, sentir e até mesmo pensar, o que situamos no campo “moral”.
Tudo isso culmina em uma necessidade de reorganização psicológica do próprio sujeito. Desse modo, é fundamental se reinventar, buscar novas opções e possibilidades de atividades que conciliem suas limitações e aquilo que lhe dá prazer.
Podemos pensar que planejar e encarar a velhice é uma excelente forma de atuar preventivamente diante da depressão. Cuidar de si mesmo ao longo da vida, dando atenção as suas necessidades e aos seus desejos.
Buscar pensar sobre as possibilidades de aproveitar a vida na terceira idade é um processo de construção, que possibilita ao sujeito obter qualidade de vida e bem-estar mesmo com as limitações que o processo de envelhecimento pode trazer.
Esse planejamento precisa envolver atividades físicas, mentais, sociais e culturais, mantendo o idoso ativo por toda a vida. Criando laços afetivos entre os familiares, mas também com amigos, buscando lidar com os conflitos emocionais e investir em projetos pessoais.
Contudo, esta não é uma promessa para que jamais tenhamos depressão, afinal ela pode surgir para todos nós e por motivos variados. Nesse caso, é fundamental perceber a depressão e não buscar fugir dela, mas sim, enfrentá-la.
Cada sujeito é singular, e as atividades que podem funcionar muito bem para um, podem não obter nenhum efeito em outro. Por isso é muito importante a história de vida de cada um, os anseios e as frustrações que vivenciam, as perdas que precisam enfrentar, seja do cônjuge ou dos amigos, o distanciamento dos filhos, a dificuldade de se recolocar no campo social, entre outras circunstâncias, podem levar o sujeito ao sentimento de abandono, impotência e inutilidade, e assim dispor o idoso à depressão.
Quando o quadro depressivo está instalado é fundamental a busca pelo tratamento médico e psicológico. Alguns casos necessitando da utilização de medicamentos que o médico poderá receitar, mas todos os casos necessitando do acompanhamento psicoterapêutico.
Na psicoterapia o trabalho se dará na direção da reorganização psíquica do sujeito, buscando, junto com ele, compreender os fatores que o levaram ao quadro depressivo e auxiliá-lo a encontrar meios de lidar com os conflitos emocionais envolvidos, auxiliando o paciente a ressignificar a sua história e seus sentimentos.
BRUNO FERNANDES BARCELLOS É PSICÓLOGO E COLUNISTA CONVIDADO.
(CRP Nº 05/39656)