Dados do IBGE, no Censo realizado em 2010, apuraram a existência de aproximadamente 23.760 brasileiros com mais de 100 anos. Juntamente com o envelhecimento surgem diversas doenças como as cardiovasculares, osteomioarticulares, e neurodegenerativas. Outro aspecto pouco abordado são as alterações cognitivas com o envelhecimento onde podemos destacar a diminuição na velocidade de processamento, raciocínio, memória e outras funções cognitivas de ordem superior.
A prática de caminhada e corrida apresenta benefícios não só para o sistema cardiorrespiratório e muscular, mas também para o humor, a cognição, a auto-estima, o comportamento e a saúde mental de forma geral. Essas modalidades de exercícios físicos praticada em intensidade moderada de três a cinco vezes por semana aumenta a liberação de substâncias cerebrais, pois aumenta o fluxo sanguíneo cerebral e gera processos pró-inflamatórios favoráveis à neurogênese (formação de novos neurônios). A neurogênese, então, apresenta efeito protetor à prevalência e incidência das desordens mentais.Dessa maneira, o exercício físico pode provocar modificações na plasticidade cerebral, na manutenção da integridade do volume e das características de massa branca e cinzenta e prevenção da atrofia cerebral, característica do envelhecimento.
O treinamento de corrida e caminhada também regula a liberação de dopamina, serotonina e norepinefrina que contribuem para manter o bem-estar do indivíduo. Com isso, provoca alterações na qualidade de vida do idoso melhorando sua independência para as atividades de vida diária que pode ser prejudicada por uma baixa capacidade funcional. A qualidade de vida está relacionada à saúde e à habilidade de realizar atividades do cotidiano, levando-se em consideração o sentimento de bem estar e satisfação com a sua situação de vida.
Antes de sair caminhando e correndo por aí, o idoso deve realizar exames periódicos com um médico, que irá avaliar suas condições iniciais para a prática de exercício físico. O ideal é que essas avaliações fossem realizadas através de equipes multidisciplinares como professores de Educação Física, Fisioterapeutas, Nutricionistas, Psicólogos e Médicos uma vez que um único profissional não consegue entender plenamente todos os acometimentos nunca única avaliação.
Após a liberação para a prática da caminhada ou corrida o idoso deve procurar um profissional qualificado para atendê-lo. Mas como identificar um profissional “qualificado”? Uma resposta imediata se dá através de indicações sobre a atuação daquele profissional. Contudo, o primeiro passo deve ser dado através de conversas com pessoas que já treinam com o profissional ou mesmo com o próprio para saber se ele possui as condições para atendê-lo.
O treinador deverá avaliar quase que diariamente se o idoso já tem condições de correr ou apenas caminhar. Este processo é demorado e depende de respostas adaptativas tanto físicas quanto mentais. Mas a regularidade e a disciplina no treinamento vai levar o idoso a obter os diversos benefícios relatados anteriormente. Após algum tempo o praticante de caminhada e corrida vai sentir sua vontade de caminhar ou correr aumentando cada vez mais.
Para finalizar, o mais importante é evitar os exageros uma vez que o excesso de caminhada ou corrida pode provocar diversas lesões e o idoso terá que parar por alguns dias ou meses até que se recupere. Certamente, esse tipo de “pausa” acaba desmotivando e não é interessante.
LUCENILDO É PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E COLUNISTA CONVIDADO.
(CREF: 024902-G/RJ)
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Comentários
(1)
Muito boa essa matéria. O esclarecimento sobre este assunto ainda é muito discutido e o professor Lucenildo resslatou muito bem a importância de busca pro um profissional capacitado a trabalhar com este grupo.